Contamos histórias por vocação - e histórias da guerra por convocação. Em todos os casos, são histórias feitas de pessoas e por pessoas. Pessoas extraordinárias que fazem gestos simples, pessoas simples capazes de ações extraordinárias. Um ano de guerra é o texto e não o pretexto para estar à altura dessas pessoas – e contar as suas histórias ao dobrar de uma das folhas do calendário. Assim fizemos.

Nenhum género jornalístico seca outros quando cada um deles fertiliza. Por isso, quando se planeia uma operação sobre “um ano de guerra”, preparam-se diretos, reportagens, depoimentos, entrevistas, análises, peças histórias, peças de enquadramento e contexto, construindo-se um mapa de leitura(s). Nesse mapa quisemos inscrever “Google, como se usa uma espingarda?”. Este é o título da reportagem multimédia do Germano Oliveira e da Teresa Abecasis, que publicámos no site da CNN Portugal na viragem do 23 para 24 de fevereiro (veja aqui).

São histórias sobre “o poder das pessoas simples”, histórias de morte e de sobrevivência, do horror e da beleza, do combate e do absurdo, histórias como a de uma mulher que se esconde de sete assassinos que matam à toa, do bailarino que perde uma perna na trincheira, dos russos que se perdem na fuga ou do dono de uma funerária que faz vídeos cómicos e que por causa deles é ameaçado de morte - são 12 histórias sobretudo para saber ver.

Esta reportagem multimédia, que tem também uma versão em documentário televisivo, foi toda filmada com telemóveis e escrita com as mãos no coração, a partir de Kiev, Bucha, Irpin, Zaporizhzhia, Dnipro. E é a conjugação de narrativas em favor da construção de cada história: texto, fotografia, vídeo, som - e programação, grafismo, webdesign, num trabalho de equipa assinado portanto não apenas pelos repórteres, mas também pelo desenvolvimento do Jorge Martins e o web design do Nuno Moreira, ambos da MCD, todos parte da equipa que em cada dia somos.

Assim contamos histórias: sabendo ver, sabendo mostrar, na televisão e no digital, todos os dias deste ano que, tendo passado, nos parece que ainda não passou.

Pedro Santos Guerreiro

Diretor Executivo CNN Portugal