Aos 67 anos, José Manuel Freitas diz que regressa à antena da TVI para aqui “voltar a ser feliz”. Aquele que é considerado por muitos como o mais carismático e experiente comentador desportivo do país, promete fazer o que sempre faz:  pensar pela própria cabeça, ser crítico e saber enaltecer o melhor do futebol.

Ao longo da sua carreira como jornalista, José Manuel Freitas acompanhou as grandes competições mundiais e europeias, tendo integrado as redações do “Diário de Notícias”, “Record”, “O Jogo” e a “A Bola”. Marcou ainda presença, como colaborador, nos vários canais de televisão portugueses e também na Rádio Comercial, assim como noutras rádios nacionais. 

Em entrevista à MC NEWS, a nova contratação da TVI fala sobre o seu futuro na estação de Queluz de Baixo.

MC NEWS: Sendo uma presença assídua na televisão como comentador desportivo desde 2012, de que forma está a encarar o desafio de se mudar para a TVI? O que o motivou?

JMF: O que motivou a mudança foi o projeto aliciante, diferente, que inclui a Liga dos Campeões, e eu poder voltar, em certa medida, a falar mais sobre jogos de futebol, que é algo que gosto muito de fazer. Há que reconhecer que, se a Liga dos Campeões é uma montra para os futebolistas, eu sou daqueles que acredita que também é uma montra para os jornalistas. Comentar a melhor competição de clubes do mundo valoriza qualquer profissional. Depois, também tenho para mim que essa história de que não se deve voltar à casa onde se foi feliz não faz sentido. Eu queria voltar à casa onde fui feliz, para voltar a ser feliz.

"Se a Liga dos Campeões é uma montra para os futebolistas, eu sou daqueles que acredita que também é uma montra para os jornalistas. Comentar a melhor competição de clubes do mundo valoriza qualquer profissional."

MC NEWS: Vai também estar associado ao programa “Mais Bastidores”. O que pode o público esperar das suas análises?

JMF: Quando deixei, por opção, a TVI há cinco anos, nós vínhamos com um lastro de praticamente um ano de “Mais Bastidores” e, já nessa altura, sentia-me perfeitamente adaptado ao modelo do programa... Conversávamos mais do que discutíamos, apesar de termos perspetivas que, muitas vezes, não eram coincidentes sobre a atualidade do futebol em Portugal. Hoje, o programa mantém a mesma filosofia: é informativo e, ao mesmo tempo, opinativo.  O que posso prometer? Aquilo que sempre faço. Sou muito direto nas minhas opiniões. O mundo do futebol é complicado e eu sou uma pessoa que penso pela minha cabeça, não tenho agendas, nunca convivi com as “cartilhas”. Portanto, serei preciso, crítico, e também saberei enaltecer as coisas boas que o futebol tem.

MC NEWS: O Joaquim Sousa Martins, Subdiretor de Informação da TVI, falou recentemente sobre a sua contratação e referiu-se a si como “rigoroso e provocador”. À semelhança do futebol, um comentador desportivo também deve estar sempre pronto a surpreender?

JMF: Como é evidente! O Joaquim Sousa Martins quando diz que eu sou provocador é naquele sentido de que, muitas vezes, as pessoas só estão a olhar para um lado da questão e eu, por deformação profissional, gosto de ver as coisas pelo outro lado. É algo construtivo, muito embora alguns possam achar que é má fé. Os dirigentes desportivos só gostam que se diga que está tudo bem e nem sempre assim é.

MC NEWS: O que o apaixona no universo do comentário desportivo? 

JMF: Em primeiro lugar, eu sou um apaixonado pelo desporto. Apesar de não me imiscuir em comentários de ordem técnica sobre modalidades que não domino, gosto de ter uma visão abrangente, até para poder ter uma opinião em relação ao fenómeno do profissionalismo. Depois, sou jornalista há mais de 50 anos e tive um bom exemplo em casa. O meu pai foi jornalista, era o Amadeu José de Freitas, uma figura consagrada do jornalismo português e eu tive a sorte de, num determinado período da minha vida, ter convivido na redação do jornal “A Bola” com algumas das maiores figuras do jornalismo português, como o Carlos Pinhão, o Alfredo Farinha e o Vítor Santos. 

MC NEWS: Isso influenciou o seu percurso...

JMF: Tudo isso fez com que eu tenha uma forma muito particular de estar na profissão. Gosto de estar com rigor, com profissionalismo e organização. Pode ser uma coisa até lamechas, mas tenho uma grande preocupação de, em primeiro lugar, não deixar ficar mal a memória do meu pai, e depois, ser grato àqueles que me ensinaram este caminho complicado que é o do jornalismo.