Em 2014, aquela que é considerada a maior produtora de novelas do mundo comprou os scripts de 5 novelas que a Plural produziu para a TVI. Agora, 7 anos depois, a mexicana Televisa avança para a produção de “Meu Amor”. Na adaptação para ser transmitida no México, a novela que estreou na TVI em 2009 e ganhou o Emmy Internacional de Melhor Novela de 2010, vai chamar-se “Diseñando tu amor”. A novela estreia em abril e está ainda nos planos da Televisa a produção de mais uma adaptação TVI/Plural até ao final do ano.

A venda internacional de um produto de ficção é um processo complexo e moroso, que pode levar até 5 meses. Margarida Victória Pereira, Diretora de Planeamento, Aquisições e Vendas de Conteúdos da TVI, explica como tudo começa: “após a estreia da novela na TVI, traduzimos o trailer e os dois primeiros episódios para inglês e castelhano. Temos vários mercados internacionais ao longo do ano e é aí que as expomos. Os mercados são a janela que precisamos para as apresentações dos produtos”. Margarida Victória Pereira descreve a apresentação aos potenciais clientes como “um processo de enamoramento”. Pelos pedidos de informação adicional que recebe, percebe logo se a novela causou ou não boa impressão.

E o que joga, afinal, a favor das novelas da TVI? “As histórias”, responde sem hesitações a responsável pela venda de vários produtos de ficção nos últimos anos. “As novelas mais vendidas foram as melhores histórias que vi nos mercados internacionais”. A novela “A Única Mulher” é, até hoje, a campeã de vendas e Margarida Victória Pereira arrisca uma explicação: “ a TVI teve a coragem de inovar e arriscar. O amor proibido por questões raciais é um tema que não é politicamente correto abordar no mundo moderno, é sempre remetido para novelas de época. Acho que a diferença surpreendeu os compradores e, no final, 70 países compraram a novela, que é exibida pelo mundo dobrada em francês, espanhol e inglês”.

Em contrapartida, há questões culturais que fecham automaticamente as portas de alguns mercados. “Se uma novela abordar a homossexualidade ou tiver cenas mais ousadas, é certo que não entra no mercado árabe. No mercado asiático, o fator de exclusão é a intimidade, já que o máximo que podemos ver numa novela são beijos castos.  No médio oriente estão a começar a gostar das nossas novelas, mas cortam as cenas de sexo. Em África estamos bem, tal como na Europa, o público está muito familiarizado com  as novelas brasileiras que abriram caminho aos nossos conteúdos. E na América Latina depende muito das histórias: se os títulos forem sofisticados, eles rejeitam-nos, mas se as histórias forem leves são muitos recetivos. O tema central tem de ser o amor”, conclui Margarida Victória Pereira.

A venda internacional de novelas é um caminho que começou a ser trilhado há poucos anos e Portugal luta ainda por um lugar de referência entre os compradores estrangeiros. Contudo, deu já passos importantes e os players nacionais adotaram uma estratégia que procura dar visibilidade ao país, além de dar notoriedade às diferentes marcas. Quando participam em feiras internacionais, TVI, RTP e SIC partilham o mesmo stand. O importante, sublinha Margarida Victória Pereira, “é que Portugal esteja no mapa”.