Numa entrevista intimista à CBS, em 2004, o actor/humorista Jim Carrey contou, pela primeira vez, a razão pela qual se tornou humorista. E essa razão foi a de ter uma mãe que sofria de depressão profunda, e que o muito jovem Jim, todos os dias, a tentava fazer rir, com o objectivo “de fazê-la sentir-se melhor”. Fazia-a de uma forma inconsciente, e da mesma forma descobriu o seu talento, que o projectou para uma carreira ímpar no humor.

Este depoimento fez-me querer saber um pouco mais sobre a relação entre o humor e a saúde mental, e a conclusão, que parece unânime, é a de que a expressão “rir é o melhor remédio”, mais do que um clichê, é uma constatação.

Se por um lado a dor influencia o nosso estado emocional pela negativa, quando uma pessoa ri, essa mesma dor atenua. Dão-se mudanças fisiológicas no cérebro, mudanças essas que são positivas para o bem-estar, minimizando os sintomas da ansiedade, stress e até medo, reduzindo exponencialmente as hipóteses de desenvolver quadros depressivos.

Está inclusivamente provado que pessoas que riem com frequência têm uma muito maior tendência para terem vidas sociais mais saudáveis e activas, bem como um melhor desempenho no trabalho. Qualquer que seja.

O humor melhora a vida das pessoas. Mais não seja por minutos. Mas minutos que são preciosos.

Há uns poucos meses, um notável psicólogo português fez-me um telefonema para me fazer um agradecimento. “Agradecer de quê?”, perguntei eu, baralhado. E a sua resposta foi: “pelo seu trabalho, como autor do Festa é Festa. O Roberto não imagina o bem que faz à cabeça de tantas pessoas, todos os dias.” Reconheço: não fazia ideia que a profundidade do meu trabalho era de tal ordem. Mas é. O humor é um poderoso aliado da saúde mental.

E é por isso que só posso admirar aqueles que, em boa hora, e em tempos tão difíceis e cinzentos que atravessamos, permitiram chegar humor, em prime time, a todas as casas. Que tiveram essa coragem. Que correram esse “risco”. Para que, pelo menos por uns instantes, todos nós possamos não abrir a porta ao negativismo e ao pessimismo. E, pelo contrário, rir.

Por isso, venha de lá a terceira temporada desta linda Festa, que tão bem tem feito a tanta gente.