O papel da Rádio e o seu futuro são ciclicamente questionados. Desde o “video killed the radio star” (Buggles, 1979) que a radio tem tido renovadas sentenças de morte. Todas elas manifestamente exageradas. Primeiro foi a televisão, depois o walkman, seguiu-se o ipod, o itunes, a Pandora, o Spotify, o YouTube, a “era das plataformas” seguida da “era dos algoritmos”, etc, etc, etc.. Houve, no entretanto, reais alterações no consumo de Rádio: desde 2004 que o consumo no carro superou o consumo em casa, o consumo no local de trabalho, e aquele feito através das plataformas digitais, são cada vez maiores.

O que os arautos da desgraça radiofónica não conseguiram prever é que, de cada uma dessas ameaças, a Rádio foi fazendo pontos fortes, foi-se adaptando às novas realidades, às novas exigências dos consumidores sem perder a sua essência: ser um meio de comunicação próximo, por isso cúmplice e de companhia. E a razão é muito simples. As pessoas só são pessoas porque são seres em relação e é dessa relação que a Rádio é feita. É um meio de comunicação feito por pessoas, para pessoas e com pessoas. Um meio que consegue estabelecer relações únicas e irrepetíveis.

Nestes últimos tempos de pandemia temos assistido a isso mesmo. A forma como a Rádio, mais uma vez, se adaptou e se reinventou, gerou um reforço dessas relações porque está sempre presente. A Rádio esteve lá ontem, está lá hoje e estará lá amanhã. Está sempre diferente e sempre melhor. Essa é a promessa da Rádio.

Salvador Bourbon Ribeiro

Presidente executivo da Media Capital Rádios