Comemora-se este ano o aniversário da exibição da primeira telenovela, desde então já se passaram 70 anos, e muitas foram as evoluções dentro do género, e já há cerca de 40 anos que se fala do seu fim. O facto é que o formato permanece, e ainda tem muito para crescer.

Inspirada na tragédia grega, a sua base sempre foi uma boa história de amor, uma vilania bem desenhada e o retrato da sociedade em geral. Estes são os ingredientes que ainda hoje são usados, e dos quais não deveremos fugir. A forma de apresentar estes enredos muda, evolui, mas não se esgota. Claro que as narrativas se têm tornado mais apelativas, e que são necessários mais “efeitos” para prender o espetador, que vive com um sem número de ofertas em canais pagos e plataformas de streaming.

Durante muito tempo dizia-se que a telenovela iria desaparecer por causa dos outros medias, a internet e os telemóveis. Parece-me o contrário: ela vai crescer e aproveitando-se das outras plataformas, quanto mais a tecnologia de ponta se popularizar, mais ela será grande e forte. Um exemplo disso são os episódios gravados nas boxes, os top trends no twitter, os personagens que ganham vida na internet com perfis no facebook e no instagram.

O streaming veio revolucionar a televisão e a forma como a consumimos, isso obriga a repensar o género, histórias mais curtas e mais audazes parece-me ser o caminho lógico, mas sem nunca perder a base do romance, do melodrama, da comédia, o retrato da sociedade. A prova disso é quantidade de séries que podemos ver nas plataformas que respeitam estas regras de ouro, adicionando-lhes novos temas sociais. São formato série, mas com regras e temas de telenovela.

Embora Portugal seja o único país da europa que tem como tradição a telenovela, temos seguido sempre as pegadas dos países da América Latina, pioneira no formato, e hoje já sabemos o que está a ser feito do outro lado do Atlântico, todas as plataformas de streaming estão a encomendar e produzir telenovelas, com menos episódios, com narrativas mais ágeis, com elencos de peso, com cenários que fazem o espetador sonhar. Esta é a prova de que os mercados se estão a ajustar, mas sem deixar morrer este formato televisivo.

Podemos chamar-lhes “macro-séries” ou “mini-novelas”, mas o futuro da Telenovela passa muito pela diminuição do tempo de duração.

O mundo tornou-se mais rápido, e temos que nos adaptar a ele.