A natureza rodeia a atriz Paula Neves. As flores que cultiva, as plantas silvestres que aparecem sem avisar, os legumes da sua horta, os cogumelos que despontam, as árvores e os seus frutos, as atividades a que se dedicam os pássaros e outros animais. “O ninho que um casal de rabirruivos fez na minha casa foi uma emoção”, conta a Frésia da “Rua das Flores”, “interesso-me por tudo o que seja natureza”.

Estar imersa no campo é, pois, um enorme prazer. Tal como o trabalho na sua horta, projeto que começou na varanda de uma antiga casa com o cultivo de ervas aromáticas para “usar muito frescas” nos cozinhados. “Cá em casa, os dois gostamos muito de cozinhar, atividade que fazemos diariamente, muitas vezes em conjunto. Adoramos a cozinha, produzir ingredientes em casa e valorizar os ingredientes frescos”.

Quando há cerca de sete anos se mudou para o campo, para Galamares, surgiu, pois, a vontade de ter uma “horta com alface, tomates, cebolas, courgettes, morangos… Foi aqui que começámos a dar os primeiros passos”, recorda a atriz.

Uma nova mudança de casa, somada aos conhecimentos das primeiras experiências, permitiu começar a “construir uma horta a sério”, mais sofisticada e com maior variedade de legumes. Não é uma horta tradicional, mas sim composta de canteiros elevados, em que as hortícolas são cultivadas acima do solo. “As hortas tradicionais são difíceis de manter por causa das costas, implicam uma posição muito exigente”, explica Paula Neves. Para uma pessoa que adora a natureza, estes canteiros elevados são também “uma forma de criar paisagem, porque se veem melhor”.

Nesta sua carreira como agricultora, destaca o “sucesso com os tomateiros, que são relativamente fáceis, especialmente o tomate cereja, que dá muito”. A atriz lembra, por isso, as petúnias que tem conseguido “manter de ano para ano”, apesar de serem plantas anuais, proeza que está agora também a tentar com outras plantas difíceis, as estrelas de Natal. “Gosto muito, muito, muito de flores”, exclama, mas talvez ainda não sejam elas o seu maior feito. Depois de um momento de reflexão, decide-se: “Foi a toupeira que consegui afastar da minha horta em Galamares. Fi-lo com muita dedicação e esforço – não uso armadilhas, venenos, produtos que as matam, acredito no realojamento. Fiquei muito feliz por ter conseguido afastá-la”.

Sete anos depois de se ter estreado no cultivo de alimentos, “ir à horta e tirar diretamente para cozinhar continua a ser um fascínio”, relata. “Adoro sair da cozinha, respirar o ar da noite, ir à horta, colher e voltar para a cozinha”.