“Criar para mim é tão estimulante como interpretar. Quando o boneco surge na minha cabeça, ainda em esboço, já estou a adorar o processo. Uns demoram mais, outros vou logo lá. É tudo muito interessante. Nem sei onde está cada personagem no meu cérebro. Creio que é um cocktail de várias pessoas reais.” É com estas palavras que Eduardo Madeira descreve o processo criativo das suas diferentes personagens para o programa “Cristina ComVida”. O ator e humorista sublinha ainda que é Cristina Ferreira, anfitriã do formato, a primeira a ver as suas criações: “E aquela gargalhada é como o algodão, não engana. Se ela se ri, a coisa está pronta a materializar-se. É muito bom fazer as coisas assim”.

Ao todo, até ao momento, são nove as personagens a que Eduardo Madeira dá vida em “Cristina ComVida”: Adelaide, a vizinha coscuvilheira; Roy, o cantor romântico; Bumba na Pipoca, a influencer; Tó Russo, o taxista pinga-amor; Augusto, o mestre de obras; Palmela, a nadadora sensual; Piedade, a empregada; Simões, o vizinho padeiro que trabalha de noite e dorme de dia; e Alvarinho, o sportinguista de Vila Verde que já perdeu a voz de tanto gritar pelo seu clube. Embora todas as personagens sejam desafiantes, o ator destaca a estreia de Simões no programa: “É alguém que já conhecemos, um colega, um vizinho. No meu caso, é um familiar. Não me leva a mal, mas ele sabe que há muito dele nisto. Creio que é agora o que me está a dar mais gozo”.

No que respeita ao desenvolvimento de novas personagens, o ator é perentório: “Penso que há espaço para experimentar mais umas tantas. E talvez imitações também. Enfim, ainda há muito para fazer. Estamos no início apenas. Ainda vou ao norte e ao sul. Faltam regiões. Falta muita coisa”. Aos 49 anos, Eduardo Madeira diz não saber dizer quantas personagens já criou na vida, mas acredita que foram “seguramente centenas”. “Uma loucura. Sou um esquizofrénico benigno.”