“Não somos contra as ‘big tech', somos a favor de uma remuneração justa pelos conteúdos que produzimos”, defendeu o CEO do Grupo Media Capital, Luís Cunha Velho, durante o Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), que decorreu no dia 12 de maio e juntou os vários responsáveis dos grupos de media portugueses, unânimes quanto à partilha de receitas pelas grandes plataformas digitais, como a Google e o Facebook. O tema dominou o painel “Estado da Nação dos media”.

Relembrando que o “o mercado publicitário caiu 15% com a pandemia”,  Luís Cunha Velho sublinhou que “os conteúdos vão ser cada vez mais o foco principal, custam dinheiro, precisam de ser pagos e é preciso encontrar modelos que trabalhem os algoritmos e que não desviem os conteúdos nos quais gastamos dinheiro, e que são pagos, para outro tipo de sites e devices que fogem ao nosso controlo.”

Em resposta às críticas dos grupos de media portugueses, o líder da Google em Portugal, Bernardo Correia, disse não concordar com o pagamento aos media pelos seus conteúdos e considerou que esses apelos se baseiam em “mitos”. O responsável defendeu a Google, dizendo que a plataforma “não rouba conteúdos a ninguém”, na medida em que “cria links e canaliza tráfego”. Bernardo Correia realçou ainda que os oito mil milhões de cliques gerados para sites noticiosos “têm valor económico” para os grupos de media e que é por isso que lhes “interessa lá estar”.

Apesar da argumentação do líder da Google, motor de pesquisa mais usado na internet, a verdade é que, recentemente, as duas grandes tecnológicas norte-americanas - a Google e o Facebook - cederam e têm estado a firmar acordos financeiros para a partilha de conteúdos produzidos pelos grupos de media na Austrália e também em França.