Vamos falar de vacinas? Da médica que a tomou e perdeu o filho, dos fetos com malformações, do perigo da injeção que é mais mortífera que o próprio vírus, das 500 pessoas que morreram nos EUA depois de serem vacinadas.

Nenhuma destas histórias é verdadeira. E, no entanto, elas aí estão a circular nas redes sociais, precisamente no momento em que se começa a ver a luz ao fundo deste longo túnel. São mentiras partilhadas por milhares de portugueses e por outros milhões pelo mundo fora em versões adaptadas e traduzidas em várias línguas.

Mergulhar no mundo das notícias falsas é ficar ao mesmo tempo surpreendido com a aparente ingenuidade de quem acredita nas mentiras mais absurdas e preocupado com a sofisticação desta indústria que existe para explorar o medo e a ignorância, com o propósito de corroer os alicerces das sociedades livres e democráticas. É uma indústria poderosa e produtiva que explora teorias da conspiração para gerar desconfiança, manipular a opinião pública, influenciar decisões políticas e interferir na escolha desses decisores.

A pandemia e as suas consequências trágicas, amplificadas pelo medo do desconhecido, são apenas um dos muitos terrenos férteis para a propagação de notícias falsas. E as redes sociais são o adubo que as faz crescer. De tal forma, que o jornalismo se viu na obrigação de reforçar o músculo do fact-checking, como se uma prática antiga nas redações – a boa regra da verificação de factos - se autonomizasse como género jornalístico.

E se há uma indústria por detrás disto, a melhor estratégia para a derrotar é juntar esforços com os melhores. A TVI quis estar na linha da frente desse combate e desde setembro de 2020 que estabeleceu uma parceria com o jornal Observador, o primeiro órgão de comunicação social em Portugal acreditado na International Fact-Checking Network, uma rede mundial de verificação de factos que aderiu ao exigente código de conduta do Poynter Institute.

São os parceiros certos nesta guerra que é de todos, porque têm créditos à prova de bala: foram os primeiros a dedicar-se regularmente à verificação de factos e a escrutinar os discursos dos políticos e dos protagonistas das notícias; participam em vários projetos que visam combater a desinformação nas redes sociais; aderiram à rede mundial que junta fact-checkers de mais de 70 países para combater a desinformação sobre o coronavírus; são parceiros do Facebook num programa de verificação de publicações falsas ou enganadoras; fizeram parte de uma rede europeia de combate às fake news sobre as eleições europeias.  

As duas redações trabalham em conjunto todas as semanas num projeto a que chamámos “Hora da Verdade”. Vai para o ar às sextas-feiras no “Jornal das 8” e ao fim-de-semana na TVI24. Admitindo que a pandemia das Fake News vai sobreviver à era da COVID-19, a “Hora da Verdade” é o nosso antídoto para que este mundo, que às vezes é estranho, não se torne irreconhecível. 

Pedro Benevides, Subdiretor de Informação da TVI