No mês em que a TVI faz 28 anos, abrem-se vários livros de memórias. Mais do que contar histórias, eles mostram de que matéria é feita a estação, que características impulsionaram alguns projetos que mudaram para sempre a televisão portuguesa e que permanecem no seu ADN.

Desde 1993 que a TVI transmite novelas. Na ficção daquele tempo já se falava português, mas as grandes produções, aquelas que deixavam toda a família de olhos postos na televisão, tinham assinatura brasileira. Em 1999, a estação entendeu que estava na hora de dar início a uma nova era na produção nacional e lançou a novela “Todo o Tempo do Mundo”.

Pode dizer-se que, naquele mês de outubro, a TVI arriscou tudo. Fez um enorme esforço financeiro e investiu numa novela de Tozé Martinho e Sarah Fragoso com um elenco de luxo. Era protagonizada por Eunice Muñoz e Ruy de Carvalho e contava com nomes como Florbela Queirós, Virgílio Castelo e Manuel Cavaco. A direção de atores estava a cargo de João Perry e a banda sonora era da autoria de Rui Veloso. Contava a história de um homem que vivia há mais de 2 décadas numa casa de saúde, até que um dia ganha a lotaria e decide procurar a família e uma antiga paixão.

Produzida pela Fealmar e gravada nos estúdios NBP, “Todo o Tempo do Mundo” tinha humor, dramatismo e humanidade. O sucesso que alcançou abriu as portas a uma linha de ficção em português que, além de combater a ficção brasileira, inaugurou uma estratégia da própria estação. Daí por diante, a TVI procurou ter sempre conteúdos produzidos em Portugal, que valorizassem os ativos nacionais e representassem uma aposta na inovação. “Todo o Tempo do Mundo” esteve em reposição no verão de 2011 e, passados tantos anos, continuou a ser uma novela apaixonante.