Quase sempre, a primeira impressão que temos das pessoas é formada apenas por aquilo que conseguimos ver a olho nu. Uma energia contagiante, um sorriso expansivo, uma gargalhada retumbante, uma determinação de quem parece invencível. Mas, ao observarmos mais atentamente, percebemos que existem camadas profundas e complexas, muitas vezes invisíveis aos olhares mais distraídos.
Por isso, a nova campanha que junta a SELFIE, a Barral e a psicóloga Tânia Correia lança um desafio: "Neste Natal, em vez de conselhos, oferece apoio. Em vez de opiniões, oferece presença. Uma simples pergunta sincera — 'Como é que te sentes?' — pode fazer toda a diferença. Vamos ser mais gentis, espalhar mais amor, ouvir mais e julgar menos."
No vídeo da campanha, ficamos a conhecer quatro mulheres, todas elas com histórias e vivências diferentes, mas que nos lembram que saúde mental não é fraqueza. É uma luta diária por autocompreensão e acolhimento. Cada um enfrenta batalhas invisíveis que o mundo nem sempre percebe, e é preciso criar espaço para que essas batalhas possam ser expressas sem medo. No final, fica a pergunta que se impõe: "E hoje alguém se interessou verdadeiramente em saber como te sentes?"
A Maria, por exemplo, é aquela colega divertida, a coordenadora de conteúdos de televisão que está sempre bem-disposta e sorridente. Mas nem sempre o sorriso revelava o que ela realmente sentia. Há dias em que não apetece sorrir, mas a capa persiste, como um escudo para proteger dos julgamentos: "Houve alturas da minha vida em que achava que os outros podiam deixar de gostar de mim se eu não me apresentasse assim. Cheguei ao ponto de não conseguir sair de casa, de não conseguir sair do meu quarto. Mais do que saber como é que ia sair dali, era quando é que aquilo ia acabar. Mas eu tinha a certeza de que ia acabar."
Por sua vez, quem olha para a Mariana, assistente de bordo, vê felicidade e alguém que chega a todo o lado. Mas ela teve de aprender que, antes de tudo, precisava de chegar a si mesma: "A tristeza e a raiva não são as primeiras convidadas da festa. Quem me vê de fora... não tem perceção de que eu travo duras batalhas com essas emoções." Não foi fácil. Não é fácil. Ela descobriu na terapia o caminho para se reconstruir, um processo moroso e doloroso, porque mexe com feridas que nem ela sabia que tinha, mas necessário.
Quem conhece a Inês, investigadora, sabe que ela nunca diz que não a um bom desafio e que é uma mãe muito dedicada. Mas dificilmente saberá das batalhas que ela trava no dia a dia com a autoestima, a autocrítica e o peso das expetativas que sempre carregou: "Houve uma altura da minha vida em que precisei de chamar a atenção para ver se me viam. Acho que foi então que percebi... que nem aí me iam ver." Percebeu que, mais do que agradar aos outros, o seu grande desafio era descobrir quem realmente é, sem receio de desapontar, sem esperar por aprovação.
Aos olhos de todos, a Rita, senior office manager, é aquela amiga sociável que enche uma sala, aquela presença que ilumina qualquer ambiente. No entanto, ninguém conhece o peso que a ansiedade exerce sobre ela. Os sinais raramente são percebidos: "As pessoas não notam. Seria mais fácil se entendessem. Eu não deixo de ser divertida, não deixo de ser confiável, mas sou ansiosa e gostava mesmo que respeitassem os meus gatilhos."
Porque a saúde mental é uma luta contra as sombras que ninguém vê, que possamos todos aprender a olhar para aquilo que permanece oculto em cada pessoa que nos rodeia.
Porque todos carregamos histórias que mais ninguém vê. Muitos enfrentam batalhas silenciosas e cuidam de feridas invisíveis. O que mais precisamos, muitas vezes, não é de respostas ou julgamentos, mas de compreensão e empatia.
E é preciso coragem, não para deixar de ser quem se é, mas para enfrentar as próprias feridas, acolher as fraquezas e as vulnerabilidades, abraçando cada camada, cada sorriso e cada silêncio.
Recorde-se que, no Dia da Mulher, a SELFIE, a Barral e a psicóloga Tânia Correia também lançaram um vídeo emocional com depoimentos reais, contados na primeira pessoa, que mostram que "cada mãe carrega uma história que nem todos veem".