Ainda a aldeia estava a acordar quando a notícia chegou.

Em Veneza, no festival que atribui prémios ao que se faz em televisão a nível mundial, a Bela Vida, com “FESTA É FESTA”, destacou-se e ganhou o título de melhor telenovela.

Bino, presidente da junta já se manifestou dizendo que teve mão nisto, como é óbvio. No café do Tomé, hoje ninguém paga o café. A Aida já esgotou as garrafas de espumante na mercearia. O padre agradeceu a Deus e dançou com a Celeste. O senhor doutor já recebeu vários habitantes com falta de ar. A Nelinha já se ofereceu para a respiração boca a boca, claro. O alvoroço instalou-se.

Estão todos na casa da Corcovada a pensar na forma de celebrar e a ouvir o discurso da sábia da aldeia. Com quase 100 anos, ela sabe que é preciso festejar o sucesso e a união. É o amor que mais se nota nesta aldeia. Mesmo nas discussões é o amor que sobra. Já não vivem uns sem os outros. Até podem vir novos, mas ninguém abandona a aldeia. E hoje, quando tocaram os sinos a avisar do galardão, perceberam todos que o caminho lhes estava destinado. É certo que sai das mãos do criador Roberto Pereira e guionistas mas, se há verdadeira definição para a palavra equipa, ela está na Festa. Começa no segurança que abre a cancela e acaba no que apaga a luz. São todos imprescindíveis.

No dia em que surgiu a ideia achámos que a Festa, embora rija, duraria 3 meses. Está viva há um ano e meio. Faz parte da vida dos portugueses. E esse é o maior prémio de todos.

Mas hoje é um dia feliz. Eram 27 os países a concorrer e ganhou a aldeia. E o que aos olhos de alguns podia parecer pequeno ganhou a grandeza merecida.  Acreditar ainda faz a diferença.

E agora perdoem-me abandonar a escrita mas vai começar o baile. A Ruth Marlene já chegou à Bela Vida. A Festa continua ...