Depois de há pouco tempo ter falado de blogs, veio agora o convite a propósito das honradas lideranças alcançadas no digital por algumas das nossas marcas, para então falar de como fazer bem feito em redes sociais. Muitos não sabem, mas a TVI é das marcas portuguesas mais seguidas, tal como o MaisFutebol está no top do TikTok ou ainda a SELFIE lidera em engagement no seu segmento. Fazer bem feito dá trabalho. É possível. Mas só com uma produção muito coordenada e com o contributo de uma boa equipa.

 

Definição

Por muito que se generalize o papel do Community Manager, para uma gestão proactiva e profissional de uma empresa em redes sociais, esta não pode estar assente nos ombros de “um homem/mulher só”. E o primeiro papel é o da definição clara de qual deve ser o propósito da marca no digital e, depois disso, qual o papel da rede A ou B nessa estratégia da marca.

Em muitos casos temos uma abordagem transmedia, onde cada rede desempenha um papel e onde os targets são diferentes bem como os conteúdos que aí publicamos. Nalgumas redes trabalhamos geração de leads para o site e com isto audiência. Noutras awareness e alcance para promoção e informação. Noutras ainda engagement junto de um grupo alvo específico.

Esta definição envolve uma reflexão e contributos naturalmente e sobretudo das direções editoriais respetivas, bem como do(s) Community Manager(s), assim como da área de Business Development – e claro, para além do Digital, envolve depois na operacionalização muitas outras áreas de antena (Direção de Informação, Programas, Criativa) ou transversais (Comunicação, Marketing, Comercial).

De ressalvar que qualquer presença de uma das nossas marcas numa rede nunca é vista isoladamente, mas sempre no conjunto das plataformas: Facebook, Instagram, Youtube, Twitter, TikTok, e nalguns casos Linkedin também.

 

Organização

Se a estratégia é um passo crítico, é contudo na implementação que está o segredo. Em primeiro na definição dos papéis. E são vários:

· quem define e gere a cadência de posts bem como os conteúdos, tendo em vista a definição dos objetivos que foi feita, e ainda as, leitura dos comentários, respostas aos utilizadores, atualização de capas, etc.

· quem desenvolve ferramentas para a gestão mais ágil, investigando soluções técnicas mobile-friendly que permitam a gestão anytime, anywhere, ou o agendamento de posts, ou ainda a edição de vídeo, aplicação de filtros, etc.

· quem cuida da correta aplicação da marca, seja pelos grafismos nas stories, posts, vídeos, mas também no fiel respeito da fonte, cores, logos, etc.

· quem passa o briefing ao fotógrafo ou à equipa de vídeo do tipo de imagens que vamos precisar

· quem faz chegar os materiais que muitas das vezes estão espalhados por vários departamentos e sistemas da empresa, congregando e ordenando, por forma a que o gestor da página possa focar-se na criação e dinamização da comunidade

· quem desenvolve as componentes técnicas, como a elaboração de IA’s no Facebook, a inclusão de Linktree no IG, thumbnails com marca de água, geração de feeds automáticos e URLs simplificados

· quem mede, analisa, alerta, reporta

· quem gere as campanhas pagas·quem trata dos temas de copyright, claims, eliminação de contas piratas, criação de contas, proteção de conteúdo partilhado, whitelists, blacklists,...

 

A quem julgar que isto é tarefa de um talento só... boa sorte.

 

Criação

Aqui entram muitos segredos. Para além do gestor da página há contributos de cima, debaixo, do lado–até dos utilizadores (a quem já agora agradecemos!).Todos podem e devem sugerir ideias e como as concretizar.

Para além das ideias, é preciso pô-las em prática. Para isso é fundamental que todos os envolvidos no processo dominem as boas práticas para cada rede em particular.

· Desde qual a duração ideal dos vídeos em Instagram para o feed vs. s diferença nos vídeos de Reels para uso no Facebook, Instagram e TikTok.

· Passando pela melhor forma de produzir galerias.

· Ou de alguns truques para as Stories com a regra de ‘arcos’ narrativos.

· Sem esquecer quais as horas em que faz mais sentido partilhar alguns links de notícias.·Bem como o dia e hora em que faz sentido fazer Lives.·Lembrando ainda a forma certa de usar hashtags -poucas, coerentes e consistentes.

·Tendo em conta também para não falhar a tag a outras contas e personalidades.

·Com o cuidado adicional de em recursos partilhados se fazer o bom uso de posts cruzados.

·E ainda...

(creio está entendida a ideia)

 

Somando todas as nossas marcas e as redes em que estamos presentes, são feitos cerca de500 posts... por dia.

Medição

Um papel fundamental. Olhamos todos os dias e nalgumas contas hora a hora ao que está a acontecer. Seja por relatórios criados via Supermetrics cruzando dados das redes e dos nossos sites num só. Seja via Crowdtangle. Seja olhando diretamente no analytics da conta em si.

Para além da espuma do minuto-ao-minuto, é feito um balanço semanal onde se passa em revista a performance, o que fez bem/mal, como fazer melhor, o que afinar, etc. Espreitamos dia a dia nas newsletters e nos feeds quais as novidades que cada rede lançou, insights que partilhamos entre todos no Whatsapp ou por email. Mensalmente, uma visão mais global das tendências. E semestralmente ou sempre que faz sentido, revisita-se a estratégia.

 

Afinação

Todos os dias.

Há sempre um algoritmo que se nota alterou. Conteúdo que vemos deixou de resultar. Outro que descobrimos afinal era mais um tema de formatação do que da ideia em si. E outro ainda que temos de arranjar forma de o encaixar no planeamento pois é relevante para os objetivos da marca.

Certamente nunca saberemos tudo, e nem todos os dias faremos tudo bem. Há sempre erros. Plataformas técnicas que deixam de funcionar. Também falhas humanas. Mas desde 2014 em que iniciámos esta caminhada, querendo fazer sempre melhor, tem-nos obrigado a estudar mais, testar mais, criticar mais, construir mais, dotar enquanto equipas desse elemento nevrálgico que é a insatisfação permanente: pensar que há sempre algo a descobrir e a melhorar.