Foi a curiosidade com dois objetos muito familiares que levou João Marinho a interessar-se pelo mundo da metalização. Habituado a ver os seus sapatinhos de bebé e os do seu irmão, transformados em peças decorativas (e afetivas) através deste processo, quis saber como era possível perpetuar este tipo de recordações da infância.

“Não conhecia a técnica e acabei por tirar uma formação em Espanha”, explica o repórter de imagem de 28 anos, há 1 ano a trabalhar na TVI. A mãe, que tinha mandado metalizar em cobre os sapatinhos dos filhos, apoiou o projeto e agora colabora com João neste trabalho que ocupa os seus momentos de lazer.

Em Portugal são os únicos a fazê-lo com “o método mais antigo, mais tradicional, em que em cerca de um mês se transforma um objeto numa peça em cobre”. Os sapatos de bebé são os mais pedidos, mas chupetas e coleiras de animais de estimação, por exemplo, também já passaram por este processo, aplicável a “tudo o que se quiser e se queira preservar, de preferência materiais não orgânicos ou com os quais se possam fazer testes”.

Um dos trabalhos da JFM - Metalização de Objetos foi o sapatinho do irmão de João Marinho, com 39 anos, que se danificou numa mudança: “apesar de serem em metal, podem danificar-se se caírem ao chão”. Um restauro antecedido de um minucioso trabalho de retirada do cobre que o revestia porque o objetivo é mostrar “os detalhes todos, até os jeitos e o desgaste provocados pela utilização”.

É das pessoas com mais idade que vem a maior parte dos pedidos de metalização, “várias vezes dos sapatinhos dos seus filhos, já com muitas décadas”. João Marinho percebe o encanto: “os sapatos antigos tinham mais personalidade e são os que ficam mais giros”, afirma.