Mantenho, desde o primeiro projeto que coordenei na Plural, a mesma “frase de guerra”: “esta vai ser a melhor novela de sempre”. Sem desprimor para o que me antecede, mas porque esse sonho me motiva, convicto, mantenho o slogan na “Rua das Flores”, uma novela que se pretende destemida. A vontade de inovar e de transcender os limites já ultrapassados é o que me guia.

De novo, procuro materializar esteticamente o conceito de “portugalidade” que, neste caso, será marcado por profunda ironia e pelo exagero. Uma rua em que tudo acontece, que pretende ser imagem do que acontece no mundo, é uma rua, só por si, exagerada. E tentámos plasmar essa ideia na forma como as personagens são vestidas, penteadas, no acting. São personagens-tipo – retomando e recriando uma tradição vicentina – que, cada uma à sua maneira, trará para a história uma forma de ser português. A própria rua em que tudo acontece, se não é um exagero é, pelo menos a maior rua construída especificamente para uma novela, em Portugal.

Fazer diferente, ousar e, neste caso, experimentar uma nova maneira de casar a banda sonora com a história propriamente dita. Na “Rua das Flores” não partimos do pré-existente adaptando-o às necessidades, por isso convidámos os HMB para criarem temas musicais inéditos e específicos para a novela, tornando-a mais rica e mais coesa do ponto de vista artístico e estético.

Coordenar uma novela é, em resumo, um trabalho de harmonização de diferentes vozes que se aliam com um só propósito: fazer bem. Se espero sempre fazer a melhor novela já feita, também parto sempre da convicção de que a equipa de que me rodeei (e todos, mas todos, estão incluídos) é a melhor do mundo. Na “Rua das Flores” não é diferente: trabalhamos num mesmo sentido, para um mesmo fim.