Num país onde se premeia tão pouco. Onde apesar de uma sociedade cada vez mais global, a noção de mérito parece uma estranheza barroca reservada apenas a alguns ou a plataformas internacionais. A verdade é que os verdadeiros agentes da transformação e inovação muitas das vezes, podem estar e estão mesmo ao nosso lado.

O Grupo Ageas juntou-se à CNN Portugal e à TVI para uma proposta simples, destacar promessas do futuro audiovisual. Tive o privilégio de ser convidado para mentor do projeto. Aceitei de imediato. Aceitei não pela pretensa palavra “mentor” me acrescentar algo, mas porque também eu já há muitos anos embarquei na viagem do falar menos e fazer mais. Sair do conformismo das ideias, para o risco dos projetos. Criei uma produtora, não com um intuito empresarial, mas sobretudo como agente cultural, de liberdade de expressão e criatividade não condicionada. Produzimos até à data entre várias curtas-metragens, cinco longas-metragens.

Sei na pele que não é fácil remar contra a maré, quebrar estereótipos ou agir contra as convenções. Sem dinheiro público ou subsídios, usar o engenho e a criatividade para fazer acontecer e exercer aquilo que melhor define a condição humana, a arte. Por isso aceitei sim este desafio do Grupo Ageas e Media Capital, sobretudo como aplauso e orgulho a uma iniciativa que sei ser, de uma importância e necessidade extrema nisto que é a nossa identidade e orgulho nacional. Sendo a cultura um constante parente pobre do estado, negando a sua importância para a dinamização e evolução da nossa consciência coletiva, acaba por ser na intervenção de identidades privadas que vamos encontrando marcas e empresas que acabam por se transformar eles em agentes culturais. É o caso do Grupo Ageas e deste prémio audiovisual. Jovens de todo o país foram convidados a inscreverem-se nas áreas de Argumento, Realização, Fotografia e Som. Após avaliação das candidaturas foram formadas quatro equipas para pegar em quatro histórias reais de vidas reais, casos de superação e resiliência.

A missão foi transformar essas histórias em quatro filmes ficcionados que nos dessem a conhecer essas histórias na perspetiva dessas mesmas equipas para o espectador comum. Acompanhei as quatro equipas desde a forma como transformam as histórias em argumento, as ideias e os conceitos e os planos para a sua execução, até à rodagem e consequente pós-produção. Tentei sempre procurar soluções, umas práticas outras criativas que fossem a ponte entre as suas visões artísticas, e aquilo que eram as linhas base do projeto. Ao mesmo tempo que partilhei aquilo que tem sido a minha jornada ao longo de 25 anos de estar entre muitas equipas e projetos das mais diversas naturezas, na tentativa de ressalvar a importância da gestão emocional tanto entre os elementos das equipas como a própria gestão emocional perante normais frustrações na dificuldade de execução da visão Artística.

Foi projeto que muito me orgulha muito, e que agradeço não como actor, realizador ou artista, mas como cidadão ao Grupo Ageas pela iniciativa assim como a todas as pessoas que tornaram este projeto possível. A jornada culminou com a projeção dos quatro filmes, com a presença das equipas e todos os parceiros envolvidos, a atribuição dos prémios para as quatro categorias e a distinção do melhor filme. Há quem diga que o importante não é ganhar, mas sim participar. Eu digo que não. Digo que o importante é ganhar sim. Ganhar a vontade, ganhar a coragem, ganhar resiliência, ganhar a ambição de acreditar e fazer acontecer…