Uma guerra representa sempre uma responsabilidade acrescida para o jornalismo. Todos sabemos que a contrainformação é uma arma, uma passadeira vermelha para a desinformação. É a propaganda ou a meia-verdade que um lado quer fazer passar para influenciar as decisões do outro e a opinião pública. Nesse aspeto, o conflito Rússia-Ucrânia é um desafio para qualquer redação.

A TVI e a CNN Portugal têm dois repórteres na Ucrânia - Pedro Mourinho e Filipe Caetano -, e muitos mais jornalistas na redação a aferir a veracidade da informação que é emitida em antena e publicada, ao minuto, num live blog. A credibilização das fontes de informação tem de ser feita pelos jornalistas. Sabemos o nosso papel.

Para uma redação, um tweet a anunciar imagens da caravana militar russa a entrar na província ucraniana de Donbass, escassas horas após o reconhecimento de Vladimir Putin das regiões autoproclamadas independentes de Donetsk e Lungansk, é uma informação visual muito poderosa e apetecível.  É o vídeo que falta para provar o que o exército russo já avançou: a entrada das forças russas em solo ucraniano, ou seja, a invasão que todos esperavam.

Como provar que aquelas imagens são reais? Não é por serem partilhadas por milhares de pessoas no Twitter que se transformam num facto noticioso. É preciso que os jornalistas no terreno ou múltiplas fontes independentes as confirmem ou então que alguma organização militar, com recurso a imagens satélite, por exemplo, as valide. Se a fonte que partilha o vídeo é credível, se surgiram várias perspetivas do vídeo, podemos avançar, com cautela, sempre com a ressalva de que se trata de imagens ainda não verificadas. Se não, temos de aguardar. O jornalismo é sempre uma escolha entre o que se publica e o que se deixa de fora. Na dúvida, não publicamos ou escolhemos esperar.